top of page
ALEGRIA DE VIVER

O que realmente buscamos em nossa vida? Tenho certeza que a maioria diria que busca a felicidade, a não ser por aqueles que acham que estão nessa vida para sofrer. Será que quando sorrimos muito é reflexo de felicidade? Esta é uma reflexão sobre a alegria de se viver, o que consiste e o que podemos fazer para encontrá-la. Talvez o maior questionamento da raça humana seja "Qual a razão da vida?" e todos nós a uma certa altura da vida faz este questionamento em relação a própria vida, principalmente quando nos sentimos muito infelizes, isto porque sentimos uma incoerência entre o que estamos sentindo e algo que nos diz dentro de nós que estamos vivos para sermos felizes. A razão da vida foi questionamento de muitos filósofos.

Estar muito sorridente não é necessariamente reflexo de felicidade, aliás tem muita gente rindo a toa para não chorar, apesar do que é muito bom dar boas gargalhadas, nos descontrai e relaxa a musculatura. É muito interessante ver que a maioria dos comediantes são geralmente pessoas muito sérias, alguns até depressivos. O indivíduo desenvolveu um senso de anedota, se assim podemos chamar, que alivia um estado interno as avessas, o que se chama de conversão reativa, costuma também ter facilidade de imaginar um desenlace engraçado para situações trágicas.

Felicidade tem haver com satisfação, parece óbvio, mas muita gente não sabe o que é estar bem consigo mesmo, geralmente porque a pessoa foi impedida de manter a sua espontaneidade durante sua educação infantil. Para quem não se lembra mais dos motivos pelos quais sua vida se tornou enfadonha e acaba justificando por sua vida atual, que na verdade é só parte de sua infelicidade pois é resultado de suas escolhas, que são muitas como o trabalho, o casamento, namoro, amizades, estudo etc, mas o início se deu na infância. O indivíduo quando nasce tem sua sensibilidade a flor da pele, ele sabe o que é bom, o que dói, quem ele quer, ele é puro e seu querer é sincero. porque  então ele deixa de ser coerente em suas escolhas? A explicação esta na dificuldade do adulto permitir o desenvolvimento natural da criança, tentando evitar seus próprios medos e fantasias, impedido a criança acaba adquirindo os traços de personalidade dos pais como uma forma menos ameaçadora de sobreviver.

A sobrevivência é a prioridade de qualquer um, que é o básico para se manter vivo, mas quando falei de felicidade estou me referindo a viver realmente, viver intensamente, viver em contato com seus sentimentos e isto tem haver com crescimento, transformação, satisfação em ser e buscar o que se gosta, mas para isso acontecer, cada um tem que ter auto conhecimento para saber o que quer da vida e aí sim, poderá fazer escolhas coerentes consigo e que tragam satisfação, exercer seu livre arbítrio e isso é direito de todos.

Conseguir as coisas que se quer é muito bom, mas ser feliz é ainda muito mais do que adquirir coisas e realizar projetos, a auto-realização esta dentro de cada um, não é algo que acontece no exterior de si que vai mudar o estado interno, pelo contrário, é o estado interior é que vai alterar as condições externas. Tenho visto muitas pessoas na dependência que algo aconteça em suas vidas para então serem felizes, pelo menos a expectativa é de que ao alcançar o objeto de seu desejo, uma sensação maravilhosa ocorrerá no seu íntimo e poderá dizer que tem alegria de viver. Se atentarmos para a mídia, veremos que toda propaganda reforça esta ideia, de que seu produto X nos fará ser algo mais do que somos ou pensamos que somos: "Ao sucesso com..., beba o refrigerante tal e...., Adquira o carro tal e você será mais que seu vizinho" e aí por diante, convencendo as pessoas de que precisam de algo material ou certo status para então serem felizes. A maioria dos anúncios são montados para apresentar uma proposta que façam as pessoas terem a ilusão de que não se sentirão mais inferiorizadas, abandonadas, desvalorizadas, ou seja, vai direto na baixa auto-estima e sensação de incompletude.

A maioria das linhas teóricas da psicologia, principalmente aquelas derivadas da psicanálise, apontam para a infância como o ponto inicial da estruturação de uma pessoa e de certa forma aonde se forma a matriz do comportamento de todo indivíduo. Durante o processo terapêutico será revisto fatos importantes da infância, sejam conscientes ou inconscientes. No caso da terapia reichiana, a qual pratico, alguns pacientes chegam a reviver sensações intra-uterinas, onde o pequeno ser já tem uma relação com o espaço que o acolhe e que para ele faz parte dele mesmo. Na situação do desenvolvimento fetal poderá ocorrer situações desagradáveis de desconforto, no caso de úteros rígidos e frios que pode levar ao autismo ou quando o casal passa por violentas discussões e até agressões físicas, utilização de drogas alucinógenas durante a  gravidez, etc, refletem diretamente no bebê aguardado.

O momento do parto é a primeira impressão que o bebê tem do mundo e algumas práticas médicas de prevenção. são para o bebê algo insuportável, como as luzes de uma sala de cirurgia, barulhos de instrumentos, estado emocional das pessoas envolvidas, médicos, auxiliares de enfermagem, instrumentistas e principalmente a mãe, que geralmente se encontra exausta, sedada, sem a mínima condição de dar atenção ao filho que será logo separado de sua genitora, como a separação de uma parte de si, vai para um berçário aonde vão fazer todo tipo de limpeza por fora e por dentro com tubos, para completar receberá duas gotinhas de nitrato de prata nos olhinhos que acabaram de abrir para o mundo (ardor semelhante a limão), e só verá sua mãe a uma ou duas horas depois. O que você acha que estas marcas iniciais fazem a vida de uma pessoa? Você pode falar: "Mas elas sobrevivem", mas será que não prejudica a vida? Será que tem outra forma? Muitas informações você pode adquirir com outra visão médica em http://www.partodoprincipio.com.br .

Mas até agora estamos falando de prevenção, e quanto as pessoas adultas que já tem suas dificuldades e que morrem de medo de se expor diante das pessoas? Que vivenciam uma nova experiência como se fosse a última, pessoas que não sentem mais esperança em ter alguma felicidade na vida, que já se resignaram com as próprias limitações. E as pessoas que trabalharam a vida toda? Juntaram muitos bens mas descobrem que ainda se sentem infelizes. Muitos buscam se aliviar com as drogas e acabam num poço fundo. A lista de infelicidades na vida é grande, mas como encontrar uma solução? Como restaurar as esperanças e se sentir vivo novamente? A causa de tantas pessoas estarem em depressão no fundo é a infelicidade, a falta de afeto, o desamparo, os sentimentos engolidos, amores não correspondidos ou  nunca encontrados, faz com que o indivíduo tenha uma visão cinza da vida. Será que tem saída? Eu sou muito otimista quanto a esperança na vida, sempre cri que enquanto há fôlego de vida há possibilidades. Sempre vale a pena buscar uma transformação de vida, porque cada pessoa ainda tem dentro de si a possibilidade de mudança, cada um dentro do seu próprio limite, para uma vida com mais satisfação e alegria. Isto não é utopia, já vi muitas pessoas mudarem sua forma de ver e agir na vida, deixarem de só sobreviver e passarem a viver realmente, às vezes sem muita transformação financeira mas descobrirem um tesouro incalculável dentro de seus corações. Há uma frase que a Maria Bethânia fala em um dos seus discos que eu gosto muito: "Dizem que há mundos lá fora que nem em sonho eu vi, mas o que importa todo o mundo, se o mundo todo é aqui." Isto quer dizer temos um mundo dentro de nós para ser explorado

José Carlos Bastos

Psicólogo / Terapeuta reichiano

Visite: Quem somos

bottom of page