VIVER COM SAÚDE
A expressão viver a vida pode parecer redundante, mas muitos estão apenas sobrevivendo e achando que vivem, no entanto, sentir-se inteiro, vivo e feliz é essencial. Não se precisa de muito para isto, começa com relaxamento e descontração. A maioria nasce pronta para ser feliz, mas muitos são impedidos durante o seu
desenvolvimento. Muitos das características de um adulto, chamadas de traços de personalidade ou de caráter, são adquiridos nas primeiras relações, muito mais pela convivência do que pela educação verbalizada dos pais ou responsáveis.
Muitas pessoas juram que são do jeito que são desde que nasceram, mas durante um processo terapêutico, facilmente se descobre que foram absorvidos de outros de quem dependia, este é o processo natural de desenvolvimento psicológico de todas as pessoas, pois uma criança ainda não tem seu ego completo para se defender neste mundo e alguma coisa tem se usada para preenchê-la para se defender e o meio mais fácil é pela imitação, chamado de identificação
Mas, o que é viver com saúde? Há vários pontos de vista teóricos e filosóficos do que seja saúde e aqui não convém se aprofundar nesta questão. Segundo a teoria reichiana (Wilhelm Reich), a saúde começa pela possibilidade de uma criança ter clareza dos próprios sentimentos e sensações, de ter a liberdade de se expressar e ser aceita em sua espontaneidade. Que tenha um bom desenvolvimento físico, emocional, psicológico e sexual. Esta liberdade começa bem antes de seu nascimento, com a saúde emocional dos seus pais, no relacionamento, na razão de se escolherem para estarem juntos e o motivo da decisão de terem um filho (a). Uma gestação tranquila de uma mulher que recebe a atenção, carinho e suporte de seu marido e se for possível, das famílias envolvidas também.
O momento do parto é muito importante na vida de todas as pessoas, pois ali vão acontecer as primeiras impressões desse mundo aonde ele vai viver até final de sua vida. Parto em local tranquilo onde a parturiente possa se sentir protegida, o melhor é quando feito em local familiar ou que não pareça um hospital, local que é reconhecido como lugar de lidar com doenças e um parto é momento de vida e saúde. Claro que há toda uma preocupação com possíveis complicações, e um socorro médico podem salvar uma vida, mas hoje em dia há várias metodologias de parto com suporte médico e que proporcionam partos menos traumatizantes, que podem ser conhecidos no site Parto do Princípio.
Há também um excesso de cesarianas, que deveria ser um recurso de emergência mas segundo informação no site Parto do Princípio: "O Ministério da Saúde lançou a Campanha Incentivo ao Parto Normal. A cesariana já representa 43% dos partos realizados no Brasil no setor público e no privado. Nos planos de saúde, esse percentual é ainda maior, chegando a 80%. Já no Sistema Único de Saúde, as cesáreas somam 26% do total de partos. O parto normal é o mais seguro tanto para a mãe quanto para o bebê. De acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde, as cirurgias deveriam corresponder a, no máximo, 15% dos partos.
Se tudo ocorrer de forma mais natural possível, já será um bom começo, este bebê terá agora pela sua frente uma vida inteira de relações afetivas, que começa com sua mãe, com quem aprenderá a ser amado e amar. Aqui é importante ressaltarmos, que só se dá o que se recebe, não se pode ser uma pessoa saudável e afetiva se também não foram com a gente. Não se pode inventar o amor, pode-se aparentar uma amorosidade socialmente por algum tempo, mas que não se sustentará para sempre, daí que alguns casamentos acabam logo, depois que se descobre que a pessoa com que se convive não é a mesma durante era no namoro.
Todas as escolhas feitas durante a vida serão reflexos da base de cada vida, amizades, namoros, estudos, namoros, casamento, filhos, etc., a forma de se lidar com cada parte da vida são diferentes de um indivíduo para outro, se o início foi saudável, as escolhas também serão, mas se as neuroses predominaram durante muito tempo, o que vier depois irá reforçando a mesma ideia e o mesmo caminho.
Nem tudo são flores, há uma distância entre o ideal e o real de cada vida. Todos querem ser felizes, mas muitos não conseguem se sentir desta forma e há outros ainda que achem que são felizes, mas talvez apenas corresponda ao que é felicidade idealizada para outro. Não é fácil identificar a linha limítrofe do que é próprio e do que foi herdado, pois estão entrelaçados. Há muitos que são médicos, mas que só estão satisfazendo a vontade dos pais e talvez suas verdadeiras características fossem para ser artista plástico, aí também a aceitação de uma sociedade capitalista o faria escolher o que é mais rentável.
Mesmo para uma pessoa adulta é possível mudar o rumo de sua vida e buscar ter experiências mais saudáveis, no que diz respeito a sua felicidade e para isto é necessário recuperar a capacidade de identificar suas sensações e sentimentos, a partir daí é possível recuperar, senão toda, mas parte de sua auto-referência, pois todos possuem o direito ao livre arbítrio, desde que saiba o quer realmente e possa se responsabilizar pela sua escolha, livres das influências repressoras que recebeu na educação. Há muitos pais confundindo limites com repressão, o primeiro é feito com amor e sempre explicando por que não se pode e o segundo é feito com opressão, ameaças, raiva e até por medo próprio, aqui não há explicações claras, pois às vezes nem os pais sabem por que não pode, só aprendeu assim e nunca questionou.
O processo terapêutico reichiano é uma possibilidade de se ajudar o indivíduo a relaxar novamente, já que o pacote da neurose trás toda uma "armadura" de tensões no corpo que o impede de ter atitudes novas, senão os condicionados pela educação e pela sobrevida. O relaxamento possibilita que corpo e a mente venham a vivenciar novas sensações, antes impedidas pelo encouraçamento crônico e tais sensações livres ajudam a reavivar sentimentos, que até então estavam represados nas tensões. Isso ocorre por camadas, nunca tudo de uma vez. Os primeiros sentimentos podem ser tristezas, raivas, mágoas, tudo o que não foi permitido ser expresso, para que depois o amor mais puro poder vir a tona, aquele com que o indivíduo vivenciava na relação com sua mãe. Há muitos casais que não sabem o que é realmente o amor, mas em suas relações de completude neurótica vão aos "trancos e barranco" e para muitos são trancos dolorosos com lesões físicas.
Viver com saúde é poder sentir a completude em si mesmo, o outro não será a metade de uma "laranja", mas alguém também inteiro que trás o seu suco para acrescentar a uma deliciosa laranjada. Sentir-se inteiro, vivo e feliz é essencial para se sentir grato pela própria vida que recebeu.
José Carlos Bastos
Psicólogo / Terapeuta reichiano
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